Poluição sonora ocorre quando os sons ultrapassam o limite auditivo normal e torna-se um instrumento nocivo à saúde. De modo geral, a partir de 60 decibéis os sons já podem ser considerados ameaças. Trata-se de um problema de saúde pública mundial e seus efeitos podem causar danos à saúde física e mental das pessoas.

A poluição sonora é um dos sérios problemas das grandes metrópoles, não é mesmo? O barulho excessivo causado pelo trânsito urbano, tráfego aéreo, fábricas, construções, shows, entre tantos outros ruídos, já constitui um assunto de saúde que precisa ser considerado com atenção.

Uma estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que 10% da população do mundo está exposta constantemente a níveis de pressão sonora que podem provocar perda de audição, sendo que 30% desses casos estão associados aos ruídos das cidades.

Mas todo som pode ser considerado uma poluição sonora? Como o organismo reage a tal condição e quais os impactos para a saúde? Qual é o cenário no ambiente corporativo e como as empresas podem agir nesse sentido? Preparamos um conteúdo completo para esclarecer todos esses questionamentos.

O que é poluição sonora e quais as suas consequências?

De maneira geral, os sons emitidos em uma cidade podem apresentar diversas características, como volume (alto ou baixo), intensidade (forte ou fraco), permanência ou intermitência, entre outras. Quando essas características fazem o som se tornar um incômodo ou um instrumento nocivo à saúde, é o que constitui uma poluição sonora.

Assim, essa concepção de poluição pelo som se aplica a qualquer ruído capaz de afetar o sossego, o bem-estar ou a saúde das pessoas e demais seres vivos. E o assunto é sério, uma vez que depois da poluição do ar e da água, o problema ambiental que afeta o maior número de pessoas é a poluição sonora.

Na verdade, trata-se de um problema de saúde pública mundial. Seus efeitos se fazem sentir sobre a saúde física e mental das pessoas. Muitas vezes, não é nem a intensidade do som que se traduz em danos, mas a sua persistência, mesmo a baixos volumes, incomodando e induzindo a processos de estresse.

Pela seriedade que apresenta, foi instituído o Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído, observado sempre na última quarta-feira do mês de abril de cada ano. A data é conhecida como INAD, sigla para International Noise Awareness Day.

Como o som se transforma em poluição?

Nem todo som pode ser considerado poluição sonora. Em termos físicos, o som é o conjunto de vibrações que se propaga por meios elásticos e que são causadas por alterações na pressão.

Dessa forma, acima de 50 decibéis os sons já podem ser considerados indesejáveis. A exposição a sons superiores a 65 decibéis, por exemplo, assim como a ruídos agudos entre 80 e 85 decibéis, pode acionar respostas hormonais e do sistema nervoso.

De modo geral, a partir de 60 decibéis os sons já podem ser considerados ameaças à saúde. Esse “volume” equivale, aproximadamente, a uma conversa normal entre duas pessoas.

Os especialistas recomendam ouvir sons apenas entre 65 e 70 decibéis, um limite tolerável para impedir danos. Mas nem sempre isso é possível, de modo que há certa flexibilidade que considera como ruídos suportáveis todos aqueles que variam entre 20 e 140 decibéis. Acima de 120 decibéis já existe desconforto e acima de 140 a pessoa já chega ao limiar da dor.

Assim, pode-se dizer que o som se transforma em poluição quando traz dano para aqueles que estejam no ambiente, tanto pelo volume quanto pela persistência. Esses danos podem se dar na forma de incômodos, de dificuldades de ouvir durante a atividade que se está conduzindo ou serem imperceptíveis, mas com resultados negativos para a saúde.

Como o organismo reage à poluição sonora?

Os sons são captados pelo ouvido de forma mecânica e decodificados pelo sistema nervoso. No final do conduto auditivo, há uma membrana (tímpano) que vibra conforme a intensidade e a frequência do som.

Por sua vez, as vibrações do tímpano se transmitem a um grupo de pequenos ossículos articulados que se localizam no ouvido médio. O movimento desses ossículos permite a passagem do som do ouvido externo para o interno.

Quando as células nervosas detectam sons muito intensos, elas enviam sinais para os músculos tensores, que se contraem. Os movimentos dos ossículos são dificultados, reduzindo a transmissão do som.

A exposição à poluição sonora pode causar diferentes efeitos negativos na saúde do ser humano, tanto no campo físico quanto no mental. Ela atrapalha a comunicação e provoca distúrbios do sono, estresse, irritabilidade e distúrbios psicológicos.

Além dos efeitos estressantes, também pode levar a uma série de danos à saúde. São importantes os distúrbios cardiorrespiratórios (arritmias e infartos), zumbidos no ouvido, dificuldades para se concentrar, dores de cabeça, prejuízos à audição, agravamento da arteriosclerose, além de outras doenças e até enfermidades infecciosas.

Para se ter uma ideia do alcance que a poluição sonora pode ter sobre a saúde, até o sistema digestivo é prejudicado, pois o estômago agiliza a produção do ácido gástrico, causando gastrites, úlceras e hérnias — doenças que podem exigir cirurgia e, em casos mais extremos, levam à morte. Com tudo isso, o intestino fica desequilibrado, resultando em dores e constipação.

Conforme estudo da Universidade de Harvard, o barulho em excesso também pode agir como uma droga, fazendo com que as pessoas fiquem na dependência dos ruídos. Eles liberam substâncias excitantes no cérebro, como fazem o ópio e a heroína, geram prazer e tornam a pessoa viciada nos ruídos. É uma dependência que pode resultar em agitação e depressão, interferindo em sua capacidade de reflexão e concentração mais profunda.

Quais as principais causas da poluição sonora?

De modo geral, as causas da poluição sonora estão em atividades ou ocorrências relativamente comuns. Quase sempre são constituídas pela combinação de uma ou mais fontes de ruídos agindo ao mesmo tempo.

Assim, é fácil perceber que as oportunidades para a ocorrência de situações caracterizadas pela poluição sonora podem ser bem diversas. Entre as mais comuns, são relevantes:

  • trânsito nas vias urbanas;
  • tráfego aéreo em algumas regiões;
  • canteiros de obras;
  • atividades de reparos em vias públicas (britadeiras, retroescavadeiras);
  • carros de som e veículos adaptados;
  • estabelecimentos comerciais (principalmente restaurantes) muito movimentados;
  • eletrodomésticos (máquinas de lavar, liquidificadores, aparelhos de som);
  • máquinas industriais;
  • motores e geradores.

Qualquer que seja a fonte do ruído, variáveis características, como o seu volume e duração, assim como a combinação de dois ou mais sons, podem intensificar a poluição sonora e os danos que é capaz de provocar. Desse modo, as causas podem ser tanto a fonte do ruído quanto suas características e a combinação de sons.

Algumas iniciativas individuais podem amenizar para a pessoa a incidência de danos em situações de poluição sonora. Assim, considere essas dicas para reduzir os efeitos em seus ouvidos:

  • evitar permanecer em ambientes com ruídos e sons elevados (barulho);
  • utilizar protetores auditivos, sempre que pertinente;
  • evitar o uso prolongado de fones de ouvido e só utilizá-lo com volume baixo;
  • não se posicionar próximo a caixas acústicas e alto-falantes;
  • ouvir música em volume moderado a baixo;
  • manter as janelas do carro fechadas em ambiente de trânsito intenso;
  • fazer um exame auditivo para identificar qualquer irregularidade ou risco.

O que cada um pode fazer para reduzir a poluição sonora?

Grandes contribuições à poluição sonora em determinado ambiente podem ser o resultado de medidas individuais. Por exemplo, o uso de buzinas e de veículos mal regulados, assim como de equipamento de som em altos volumes, pode estar por trás de situações críticas de som.

Dessa forma, um esforço consciente de cada pessoa pode reduzir a carga sonora lançada no ambiente. Para isso, algumas medidas que podem ser tomadas se referem a:

  • evitar buzinar desnecessariamente;
  • evitar acelerações exageradas no veículo,
  • manter regulado o escapamento do veículo para evitar excesso de ruído;
  • reduzir o volume de aparelhos de som para lazer;
  • reduzir o volume da voz ao conversar ou se comunicar com alguém.
  • orientar sobre a importância da redução da poluição sonora.

O que diz a legislação sobre o assunto?

Existem dois aspectos a serem considerados quando se trata da legislação referente à poluição sonora: a esfera da norma (federal, estadual, municipal) e o ambiente em que se aplica (ocupacional, público, doméstico). De modo geral, o ambiente de trabalho é normatizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meio de suas Normas Regulamentadoras (NRs).

Por sua vez, para as áreas domésticas (residências, condomínios), cada estado e cada município podem legislar a respeito, regulando o tema em suas respectivas áreas de alcance. Do mesmo modo, quando se trata de áreas públicas, a regulação costumeiramente é de natureza local (municipal).

Com abrangência nacional, devem ser consideradas as previsões do Decreto-Lei No 3.688/1941 (Lei de Contravenções Penais), em seu Artigo 42, relacionando as contravenções referentes à paz pública:

Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios:

I – com gritaria ou algazarra;

II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais;

III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;

IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda:

Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

Como é a poluição sonora no ambiente de trabalho?

Os funcionários de uma empresa estão sujeitos a todos os riscos citados, ou seja, sua saúde pode ser afetada de diferentes formas se eles estiverem constantemente expostos a ruídos altos, que podem ser externos ou internos, trabalhando em um ambiente com muitas máquinas ruidosas, por exemplo, ou em um local onde a conversa é contínua, como em um call center.

Cefaleia, tontura, fadiga, sensação de ouvido cheio são alguns dos impactos que a poluição sonora constante pode causar e, em longo prazo, pode até levar a uma perda, parcial ou total, da audição. Além disso, há impactos diretos na produtividade, uma vez que o desempenho dos funcionários tende a cair quando se tem muito ruído.

Na NR 15 (Atividades e Operações Insalubres), há valiosas orientações e regras que precisam ser seguidas para garantir o bem-estar e a saúde dos profissionais. No Anexo No 1 são definidos os limites de tolerância para o ruído contínuo ou intermitente. Já no Anexo No 2 são contemplados os limites para ruídos de impacto.

Destacamos abaixo algumas referências, em que relaciona a intensidade do som ao ambiente de trabalho:

  • 50 dB — a maioria considera como um ambiente silencioso;
  • 55 dB — o máximo aceitável para ambientes que requerem silêncio;
  • 60 dB — aceitável em ambientes de trabalho durante o dia;
  • 65 dB — limite máximo aceitável para ambientes ruidosos;
  • 70 dB — não é recomendado para escritórios, pois dificulta a comunicação oral;
  • 75 dB — é necessário falar mais alto;
  • 80 dB — a conversa se torna muito difícil;
  • 85 dB — limite máximo tolerável para a jornada de trabalho de 8 horas diárias.

Como trabalhar a poluição sonora na empresa?

Preocupar-se com a poluição sonora no ambiente de trabalho também faz parte de um planejamento ergonômico eficaz. Dificilmente um funcionário submetido a ruídos muito altos enquanto trabalha se sentirá bem e disposto para executar suas tarefas. Os sintomas podem até ser imperceptíveis a princípio, mas, a longo prazo, eles serão evidenciados.

Nesse sentido, existem dispositivos de segurança, como os protetores auriculares. Seu uso é obrigatório em trabalhos com ruídos intensos e contínuos — além do limite definido pela lei. O MTE elaborou a NR 07, que contempla medidas do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional — PCMSO.

Entre em contato e adeque sua empresa:

(Fonte: https://beecorp.com.br/blog/poluicao-sonora/)